Como o ESG contribui para o valor das escolas e da sociedade?

O apoio da escola na formação das pessoas sempre foi fundamental para o desenvolvimento do ser humano. É na escola que acontece a continuidade de todo aprendizado que é recebido em casa, e é também onde ele tem a oportunidade de colocar em prática toda a teoria inicial daquilo que recebeu em casa. Por exemplo: um aluno aprende em casa que não se deve jogar o lixo na rua, não maltratar os animais, ter respeito ao próximo, tratar as pessoas com igualdade, não aceitar nada de estranhos por não saber da procedência, concorda?

E, mesmo que o aluno não tenha aprendido sobre todas essas coisas em casa, é na escola que ele terá o “complemento” ou até mesmo o “reforço” dessas noções básicas da vida através das regras da instituição e com a orientação do corpo docente.

Bom, você deve estar se perguntando: “Afinal, o que é ESG?”. Ou mesmo “O que a escola tem a ver com ESG?”

Essa sigla – ESG – surgiu em 2004, em uma publicação intitulada “Who Care Wins” (Ganha quem se importa), como resultado de uma parceria entre o Pacto Global da ONU e mais 23 instituições financeiras, atendendo a um convite do então secretário geral da ONU, Kofi Annan.

Esta publicação reforçou a importância de que a gestão das organizações também precisa considerar as questões relacionadas ao meio ambiente, ao social e à governança. Com isso, as organizações conseguiriam aumentar o seu nível de competitividade e perenidade nos negócios em um cenário com alta vulnerabilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (também conhecido como VUCA), assim como diminuir o nível de impacto negativo que as atividades organizacionais podem gerar ao meio ambiente e à sociedade.

Com isso, surgiu o termo no mundo dos negócios conhecido como ESG, que em inglês significa:

E= environmental (meio ambiente)
S = social (social)
G = Governance (governança)

Se você observar, ultimamente vemos notícias sobre recordes e recordes dos dias mais quentes na história, ou ainda, eventos de chuvas extremas em algumas regiões, períodos de secas em outras, vendavais… Junto a tudo isso, também vemos notícias informando sobre danos humanos, materiais e prejuízos econômicos.

No momento em que os eventos climáticos têm se mostrado cada vez mais severos, podemos observar os impactos das mais diferentes magnitudes:

  • Meio ambiente: é onde estão os recursos primários para atender às necessidades de toda a espécie. Ele é fundamental para a nossa sobrevivência e continuidade das gerações, merecendo a nossa atenção sobre temas como perda da biodiversidade de animais e plantas, baixa do nível dos rios, recursos naturais cada vez mais escassos, aumento da poluição, solos degradados, desmatamentos, entre outros.
  • Sociedade: A saúde e o bem-estar das pessoas ficam comprometidos, além das perdas materiais e econômicas a que são submetidas em decorrência desses eventos, seja com a intensidade das chuvas ou com a extremidade das secas.
  • Empresas: são impactadas tanto por problemas decorrentes do meio ambiente, como a falta de matéria-prima para as suas atividades, como também quando a sociedade é impactada, podendo haver ausência ou baixa qualificação da mão-de-obra, e até mesmo ter o seu negócio impactado por falhas na sua governança.


Dado esse contexto, quero compartilhar como as escolas podem ser um agente potencial nesta jornada ESG, tanto sob a ótica do negócio – buscando melhorar o desempenho dos seus indicadores, como sob a ótica da transformação da sociedade por meio da formação de cidadãos mais conscientes.

A gestão integrada ao ESG transformando resultados

Sob a ótica de gestão, para se iniciar a jornada de Gestão Integrada ao ESG, as escolas precisam entender quais são os temais mais relevantes a todas as partes que possuem relações com elas, das mais diferentes formas: alunos, pais, professores, fornecedores, governo, entre outros. A partir daí, é possível que sejam identificados quais os riscos e oportunidades existentes e para onde as escolas devem direcionar os seus esforços, sempre avaliando quais são os possíveis impactos econômico-financeiros dos pontos avaliados.

O grande objetivo da integração das questões ESG à gestão na educação é a mitigação de riscos, ou seja, é evitar que a escola seja exposta às diversas situações que podem trazer perdas das mais diversas formas, incluindo em sua reputação. Com isso, durante a realização desse processo de gestão integrada ao ESG, surgem reflexões como:

  • De que forma a minha escola impacta o meio ambiente e a sociedade em seu entorno?
  • De que forma ela pode ser afetada pelo meio ambiente e pela sociedade?
  • Quais ações ou projetos eu preciso ter para evitar os impactos negativos desses pontos?


Assim como todo negócio, para identificar novas oportunidades, surgem como reflexões como:

  • Quais são os pontos que são mais relevantes sob a ótica dos meus stakeholders?
  • Como deve ser o meu planejamento estratégico diante disso?
  • Os meus pontos fortes, reconhecidos de forma local, são encontrados em outros locais onde não atuo? Como faço para capturar essas oportunidades?


O processo para se realizar a integração entre as questões relacionados ao ESG na gestão do negócio precisa ser realizado de forma estruturada e não como iniciativas pontuais. Isso para que sejam evitados gastos desnecessários e ações sem efetividade.

A escola formando a sociedade sobre o olhar ESG

A atenção às questões dos temas relacionados ao ESG é algo que visa à sobrevivência dos seres desta geração e, muito além disso, é um olhar intergeracional, ou seja, podemos deixar esse mundo melhor do que quando chegamos e, para isso, a escola é fundamental. Ela passa a ser um agente de transformação cultural de grande importância, pois ela pode contribuir para que a atenção às questões ESG tenha iniciativa dentro das salas, fora das escolas e até mesmo integrando as duas partes.

Para isso, a escola tem três pilares valiosíssimos para essa jornada: informAÇÃO, formAÇÃO e AÇÃO.

Informação: sem sombra de dúvidas, todo o conhecimento dado em sala de aula contribui para a base do aluno. É com o conteúdo oferecido em sala de aula que os questionamentos surgem e, com eles, as reflexões.

Formação: uma vez internalizado o conhecimento sobre as questões ESG, quanto mais o aluno (e por que não incluir a sociedade como um todo?) tiver consciência dos impactos das suas ações, maiores serão as chances de fazer com que ele leve esse conhecimento para dentro de suas casas. De um modo geral, é mais fácil as pessoas mudarem as suas ações quando elas entendem o porquê das coisas.

Ação: mudar as nossas atitudes não é uma tarefa muito fácil para muitos. Afinal, quantos de nós temos a consciência de não estar fazendo algo da melhor forma, mas continuamos do mesmo jeito? A escola faz toda a diferença na condução de como a teoria pode virar prática. Essa conexão entre teoria e prática pode ser feita através de atividades dentro da escola, expandindo para as comunidades locais, entre outras formas.

Assim, com a implementação da gestão integrada às questões ESG, as escolas conseguem maximizar o seu valor perante a sociedade, podendo capturar novas oportunidades que impactarão seu resultado econômico-financeiro, realizando uma gestão de efeito positivo a curto, médio e longo prazo.

*Flávio Grimberg é consultor-sócio do Instituto Aquila, escritor I Gestão Integrada ao ESG I Board Member I Riscos e Controles Internos I PMP I ScrumMaster I OKR

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